O podcast Surviving the Survivor, criado e apresentado por Karmela Waldman, uma sobrevivente do Holocausto, e seu filho, o ex-jornalista de TV Joel Waldman, se tornou um sucesso inesperado, conquistando milhões de ouvintes e espectadores todos os meses. O programa, que inicialmente abordava temas variados, ganhou popularidade ao mudar seu foco para crimes reais.
Karmela, de 84 anos, é uma terapeuta matrimonial aposentada que fala seis idiomas. Joel, de 54 anos, descreve a interação com a mãe como “muito pior quando o microfone está desligado”. Não no sentido de uma má relação, mas no sentido de falar sem filtros. Ele também afirma que o que o público vê não é encenação, mas uma amostra real da comunicação entre eles.
O sucesso do podcast impulsionou a publicação do livro “Surviving the Survivor, A Brutally Honest Conversation about Life (& Death) with My Mom: A Holocaust Survivor, Therapist & My Podcast Co-Host”, escrito por Joel. O livro, que aborda tanto a trajetória de Karmela durante o Holocausto quanto a dinâmica entre mãe e filho, foi promovido em uma turnê pela América do Norte, culminando em um evento em Los Angeles em agosto de 2024.
O cenário em que se desenvolve a narrativa
Karmela nasceu em 1939 na antiga Iugoslávia, e sua sobrevivência ao Holocausto foi possível graças à ajuda de não-judeus, incluindo uma freira que a escondeu em uma escola católica. A experiência trágica da perda de vários familiares em Auschwitz marcou profundamente sua vida.
Ela viveu alguns anos em Israel, mas acabou retornando aos Estados Unidos com sua família devido às dificuldades de seu marido em se estabelecer profissionalmente. “Foi muito emocional para mim”, disse Karmela. Ela acredita que o humor foi essencial para sua sobrevivência, uma característica que ela transmite tanto no podcast quanto no livro.
O podcast Surviving the Survivor começou a atrair uma audiência ainda maior após a mudança para o formato de crimes reais, principalmente após a cobertura de casos de grande repercussão, como o assassinato do acadêmico Dan Markel em 2014. Hoje, o programa conta com 110.000 assinantes no YouTube e alcança até 2,5 milhões de visualizações mensais, além de ter uma forte presença em plataformas como Apple Podcasts, Spotify e Audible.
Central ao apelo do podcast é a interação espirituosa e, por vezes, cáustica entre Karmela e Joel, que desafia as expectativas típicas de uma relação mãe-filho. No entanto, por trás das trocas de farpas e do linguajar contundente de Karmela, está um profundo vínculo de amor e respeito mútuos. “Nosso relacionamento é belo, feio e complicado, tudo ao mesmo tempo”, disse Joel. “Mas é absolutamente real e muito profundo.”
A honestidade brutal do livro, que inclui histórias emocionantes, como a perda do primeiro filho de Karmela devido a uma doença, é um reflexo dessa complexa relação familiar. “As conversas que vocês lerão entre minha mãe e eu são íntimas, reais, cruas, perturbadoras, às vezes repletas de palavrões, explosivas e emocionais, mas sempre cheias de amor”, escreve Joel na introdução do livro.
Para Karmela, expressar-se com franqueza, mesmo que isso inclua xingamentos, faz parte de sua personalidade. “Eu realmente não ouço mais os palavrões da minha mãe porque me tornei tão imune a eles ao longo dos anos”, brinca Joel.
O impacto cultural do podcast e do livro Surviving the Survivor mostra a força de uma história autêntica e bem contada, e lembra que mesmo as experiências mais dolorosas podem ser transformadas em algo positivo e que muda o mundo.
Fonte: The Times of Israel.